SOL  

Em junho de 2020 (quarentena) criei um diálogo com o sol deixando que ele fosse o interlocutor entre o dentro e o fora daqui. Pus alguns vidros e cristais refratando sua luz. Acomodei água dentro deles e deixei que o vento que atravessava a janela animasse o movimento das cores e reflexos surgidos, que dançavam com as estruturinhas no papel, conforme o imponderável. Há quem diga que pode se prever a intensidade dos ventos.

Eu mesma deixei que a sorte dos dias em que estive imersa nessa experiência/ritual me mostrassem se a dança-ventania dos reflexos e refrações de luz do sol seriam mais ou menos agitadas. Um universo inteiro se abriu nesse diálogo. Nesses dias, o sol aqueceu a minha pele e também as minhas ideias sobre as coisas. Nas camadas de papel translúcido, eu compus não só novos desenhos, mas também a música que fiz para esse diálogo. Eu não sabia, mas me disseram que essa música que fiz é em sol menor. Nada é à toa, tudo é muito experimental. Gosto da ingenuidade espontânea que o sol me traz.