Corpo-casa, casas-ideia: formas diferentes de entender as coisas | Investigação Artística
“Antes de virem ao mundo, as ideias moram nas nossas cabeças.”
Ao longo do segundo semestre de 2016, pensamos muito sobre esse assunto.
Se nós moramos em uma casa, estaríamos morando em uma ideia que alguém teve?
Como uma casa pode ser arte? Como a arquitetura pode dialogar com as artes visuais? Uma casa pode provocar nas pessoas pensamentos artísticos? Uma casa pode gerar ideias? Como podemos pensar uma casa? Será que podemos propor novas ideias de casas dentro do nosso ateliê? Será que conseguimos fazer projetos, maquetes (miniaturas) de casas de diferentes e possibilidades usando os materiais que encontramos no ateliê?
Iniciamos uma parceria com o Programa Educativo do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi. Num diálogo inspirador entre a Casa de Vidro (moradia da arquiteta Lina Bo Bardi no bairro do Morumbi, em São Paulo, e também sua primeira obra arquitetônica) e as crianças participantes do Ateliê de Artes Visuais, iniciamos um trabalho de pesquisa artística que teve como primeira inspiração a Casa de Lina. Esse diálogo gerou a Ação poética “Há muitas casas dentro da Casa: Formas poéticas de habitar”. Nesta ação as crianças fizeram uma intervenção poética na Casa de Vidro colocando as casas criadas por eles para morar temporariamente nos jardins da casa de Lina. Posteriormente, expandimos o diálogo com outros artistas criadores de casas em Paraisópolis, favela dentro do bairro do Morumbi, vizinha da Casa de Vidro: Antenor Clodoaldo, criador da Casa de Garrafa Pet e Estevão da Silva Conceição, criador da Casa de Pedra. A partir desses diálogos fizemos uma exposição de todo esse processo, uma performance interativa e uma “mesa redonda” mediada pelas crianças participantes com os artistas Antenor e Estevão e os visitantes da exposição.
Toda essa investigação teve um caráter muito importante para o trabalho que fazemos no ateliê. Nela, foram exploradas as possibilidades e os questionamentos sobre o espaço que ocupamos, o corpo no espaço, o conceito de habitar, a ideia de corpo como possibilidade de compreensão e aprendizado das coisas, uma contextualização de lugar e situação que nos encontramos, dentre outros desdobramentos importantes para o entendimento da expressão e apreciação artística e visual, especialmente no que se refere à arte contemporânea. Criamos as nossas próprias possibilidades de casas com os materiais e sucatas disponíveis no ateliê, fizemos rotas no entorno do ateliê, encontramos objetos, recriamos ideias, vendamos os olhos e guiamos amigos por caminhos que construímos experimentando novas formas de olhar as coisas de diferentes perspectivas.
Em 2017 uma reflexão sobre este trabalho foi exposto no II Encontro Internacional de Práticas Artísticas Comunitárias, na cidade do Porto, em Portugal por Carolina Barreiros.
Ficha Técnica: Participantes da turma 2 da Oficina de Artes Visuais do PECP, Juliana Cordaro (artista-educadora na Oficina de Artes Visuais do PECP), Carolina Barreiros, Auana Diniz e Julia Paccola (educadoras no Programa Educativo da Casa de Vidro). Realização: PECP e Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi. Agradecimentos: Ligia Jardim (fotografia e vídeo) e Vanda M. Falcone (NAC - PECP)